Just a small relief

“Espero que te possa confiar tudo a ti, o que, até agora, nunca pude fazer a ninguém, e espero que venhas a ser um grande amparo para mim.” Anne Frank, 12.07.1942

Seria uma excelente frase para começar um diário, sem dúvida. Ou até para introduzir uma primeira carta, para um possível amigo correspondente. Ou até mesmo para iniciar um blog, e porque não… para dizer pessoalmente, para começar uma amizade…

Um primeiro “olá” raramente compromete alguma coisa, é conhecido por ser uma forma de cumprimento simpático à pessoa que nos dirigimos, ou a alguém que venha ter connosco… raramente um primeiro “olá” atravessa um par de conversas e ainda mais raramente chega a uma amizade…se chegar, é ainda mais improvável que chegue a uma amizade verdadeira… encontrar alguém que esteja disposto a ouvir-nos, e a falar de si; que faça qualquer coisa por nós; que confie em nós, mesmo quando pedimos apenas para fechar os olhos; alguém que sabe o que estamos a fazer, que sabe como vamos reagir perante tal acontecimento, alguém que nos conhece tão bem ou até melhor que nós próprios… alguém que fica feliz por nós, quando nos acontece algo de bom; alguém que sofre connosco e nos dá um ombro para chorar e um abraço para consolar; e uma piada para animar; alguém que nos conquista e nos surpreende sempre, mesmo quando não está presente fisicamente; alguém em quem podemos confiar, no verdadeiro sentido da palavra… hoje em dia, e cada vez constato mais isso, confiar é quase uma ilusão… é raro encontrar… amigos há muitos… verdadeiros, contam-se pelos dedos das mãos…

E compreender? Às vezes esperamos mais da compreensão, mas ela não pode dar mais do que aquilo a que se compromete… há coisas que nos ultrapassam, tanto como o mar, quando está revolto… há coisas que simplesmente não são para compreender, porque não fazem sentido… nem têm de o fazer. Apenas se pede ajuda, paciência, calma, aproximação, em vez de afastamento, irritação, indiferença.

... E a lua lembra circos e jogos malabares... a vida não será assim?