Partilha

Partilho com vocês uma das situações mais invulgares que aconteceu na minha vida…

À dias, como das outras tantas vezes, decidi sentar-me num banco de jardim. Gosto de o fazer. Nisto, aparece uma senhora que muito calmamente se dirige ao banco onde eu estava sentada, e pergunta se se pode sentar ali, a meu lado. Eu sorri e disse “claro, o banco chega bem para nós as duas”, ela agradeceu e sentou-se. Ficou no ar aquela pressão instantânea de não saber muito bem o que mais dizer, ou o que fazer, mas curioso, foi logo derrubada por um suspiro da senhora e a seguir quebrada por um ataque de choro… e de lamúrias profundas. Talvez a pressão tivesse efeito em mim, fiquei um bocado aflita, não sabia se havia de fazer alguma coisa… mas de repente a senhora começou a falar, no meio dos soluços por entre o choro… limitei-me a ouvi-la, mesmo sem perceber o que ela estava a dizer, pois dizia frases soltas e coisas que para mim não faziam sentido… percebi então, estava a desabafar, para mim… olhava-me nos olhos e dizia a tristeza, a angústia enorme que ela sentia de tanta coisa ao mesmo tempo que eu nem senti vontade ou coragem de perguntar... a senhora apenas queria falar, gritar ao mundo o seu interior e abrir o seu coração, totalmente em desespero… então não disse mesmo nada, fiquei ali a ouvi-la, quem sabe a ampara-la… a senhora conseguiu acalmar-se… foi quando vi que já tinha passado uma meia hora e que já era tarde para ir embora… a única coisa que fiz foi dar-lhe a mão e um sorriso sincero, no meio da minha emoção… nisto, ela olhou para mim, esboçou um sorriso, e agradeceu-me por aquele momento… disse-me coisas tão bonitas que nunca pensei ouvir de uma desconhecida… e deu-me um abraço, mas um abraço tão forte que parece que consegui perceber tudo o que ela me tinha dito…

Às vezes precisamos apenas que nos ouçam.

(Foto: ?)